quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Orgânicos, veganos, naturais


Um dia desses, ao fazer compras no St. Marché, reparei na prateleira de produtinhos cosméticos deles (dominada pela L´Occitane). Apesar de normalmente só comprar shampoo e condicionador profissionais, escolhi um duo da marca Est para variar com os meus de rotina. Segundo a empresa, eles são feitos de “matérias-primas renováveis, sem ingredientes de origem animal, sem óleo mineral, sem sal” e não são testados em animais. Eu já andava pensando em pesquisar a respeito de produtos cosméticos veganos e orgânicos... Uma coisa leva à outra, e voilà, hoje falaremos sobre produtos cosméticos veganos, orgânicos e naturais.


É importante entender os conceitos vegano e orgânico quando aplicados à cosmética. Um cosmético vegano não pode ter matérias primas de origem animal ou utilizar testes em animais, na sua versão final ou nos componentes da fórmula. Já um cosmético orgânico pode ter ingredientes animais, desde que coletados de seres vivos, como mel de abelhas ou lanolina (que é oriunda da lã de carneiros). E não necessariamente todo produto vegano é orgânico, afinal ele pode utilizar matérias primas cultivadas com agrotóxicos e não seguir o conceito orgânico. Ou pode ser os dois ao mesmo tempo.
Não há uma regulamentação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária – ANVISA para definir cosméticos orgânicos no Brasil. Desta maneira, desde 01/01/2011 nenhum cosmético comercializado em território nacional pode ser rotulado como orgânico. Existe, entretanto, uma lei que regula a produção, transformação e comercialização de alimentos orgânicos (lei 10831/03), e suas definições ajudam a compreender a utilização de matérias-primas orgânicas em produtos não necessariamente orgânicos. Explico.
Segundo a lei supracitada, o produto orgânico, seja ele in natura ou processado, deve ser resultado de uma produção que otimiza recursos naturais, minimiza a dependência de energia não-renovável, utiliza métodos biológicos e mecânicos ao invés de materiais sintéticos, elimina o uso de organismos geneticamente modificados e radiações ionizantes e tem uma preocupação com a sustentabilidade ecológica e econômica e com as comunidades rurais – isto em qualquer fase do processo, desde a produção, durante a manufatura e até a distribuição e comercialização. Isto em todos os ingredientes. Imaginem o trabalhão! E o custo! Assim dá para entender porque os produtos orgânicos são mais caros que os produtos tradicionais.
Existem, portanto, produtos orgânicos e produtos que utilizam componentes orgânicos em sua formulação, ditos naturais ou bio, que privilegiam componentes naturais e carregam o conceito dos produtos orgânicos, ainda que não o sejam. No mercado nacional encontramos produtos verificados por certificadoras internacionais européias, que são referências confiáveis com alto nível de exigência. A Ecocert é registrada no Ministério da Indústria e Comércio da França e aceita em mais de 80 países, incluindo Europa e Estados Unidos. A IBD é a maior certificadora da América Latina e é reconhecida pelo USDA/NOP (National Organic Program dos Estados Unidos).
É claro que quando falamos em alimentos orgânicos, é fácil perceber os benefícios para o consumidor: ausência de agrotóxicos em vegetais produtos animais livres de hormônios, por exemplo. Não é só uma questão de saúde, mas também de sabor. Quando falamos de cosméticos, existe um benefício objetivo no uso de produtos orgânicos?
Não vamos entrar na questão de preocupação com o meio ambiente e a sustentabilidade, pois isso dá assunto para um blog inteiro à parte. A questão é se um produto cosmético orgânico pode ter uma qualidade superior, e portanto dar melhores resultados, quando comparado a um tradicional. A resposta é: depende do tipo de produto. Um hidratante orgânico, por exemplo, tende a ter uma qualidade superior à de um tradicional. O motivo é que os orgânicos, em substituição ao tradicional óleo mineral, utilizam óleos vegetais essenciais em grande quantidade e variedade, que penetram na pele e, portanto, hidratam muito mais profundamente. Já os produtos para cabelo podem frustar o consumidor, pois o silicone, componente amplamente utilizado em condicionadores tradicionais mas ausente em orgânicos, dá brilho e ajuda na modelação.
No Brasil, o mercado ecoconsciente não para de crescer. Prova disso é que já existe até uma eleição dos melhores produtos ditos naturais do ano, o Greenbest. Neste ano, as 3 melhores linhas de produtos de beleza orientados para um conceito orgânico e consumo consciente foram a linha Ekos da Natura, conhecida por sua parceria com comunidades extrativistas da Amazônia para uso de produtos da biodiversidade local; a linha Oliva da L´Occitane, que é certificada pela Ecocert; e a Weleda, marca suíça comercializada no Brasil que utiliza ingredientes naturais e segue uma filosofia antroposófica. O top ten dos indicados no ano pode ser encontrada na página do Greenbest.


Lá fora, a marca Kora tem um arsenal completo de produtos para corpo e rosto 100% orgânicos. A top Miranda Kerr, proprietária e rosto por trás da marca, garante que seus ingredientes preferidos são responsáveis pela qualidade dos produtos.
Já a Est, do meu duo shampoo+condicionador do início do post, ficou entre as 10 melhores do prêmio Greenbest. O que eu achei dos produtos? O shampoo é muito legal, faz uma limpeza bem profunda e dá uma sensação de deixar os cabelos sem resíduos. Achei ótimo para uso semanal, para alternar com o shampoo diário (no momento, Redken Real Control). O condicionador, confesso, deixou a desejar. Ajudou a desembaraçar e pentear, mas o cabelo não ficou macio. Precisou de um pouquinho de Moroccanoil antes da escova e finalização com óleo de macadâmia da Redken. Mas depois de tudo isso... Nunca antes na história desse país o meu cabelo ficou tão leve! Aprovado! Natureba, pero no mucho.




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